Joaquim José da Silva Xavier

Nasceu em 16 de agosto de 1746 e batizado em 12 de novembro de 1746.

Fazenda do Pombal, hoje em ruínas, na época pertencia a Vila de São João del Rei, hoje pertence a cidade de Ritápolis, antiga Santa Rita do Rio Abaixo. A Fazenda era grande, nela trabalhavam 35 escravos, a casa tinha 2 pavimentos, havia senzalas e cozinhas coletivas. A família possuía um número grande e valioso de instrumentos de ferro para minerar.

Pai > Domingos da Silva Santos. Falecido em 1757.

Mãe > Antônia da Encarnação Xavier. Batizada em 12 de abril de 1721 na Matriz de Santo Antônio da vila de São José del Rei, hoje a cidade de Tiradentes. Casou-se com Domingos e 30 de junho de 1738. Falecida em 1755.

Padrinho > Sebastião Ferreira Leitão. Tio. Cirurgião dentista.

Madrinha > Nossa Senhora da Ajuda. Havia uma Ermita dentro da Fazenda em devoção a Santa.

Quarto filho de sete irmãos:

> Domingos da Silva Xavier

> Catharina da Encarnação Xavier

> Antônia Rita de Jesus Xavier

> Maria Victória de Jesus Xavier

> Antônio da Silva e Santos

> José da Silva dos Santos

Foi > Dentista; Tropeiro; Minerador; Militar; Ativista político. Atuava nas duas Capitanias de Minas e do Rio de Janeiro.

Após a morte da Mãe, em 1755, a família segue para a Vila de São José del Rei, hoje Tiradentes, e após dois anos, em 1757, seu pai vem a falecer, deixando ele e seus irmãos órfãos. Perderam as propriedades e bens por conta de dívidas. Cada um ficou a cuidado de algum familiar, o Tiradentes ficou aos cuidados de seu tio Padrinho, Sebastião Ferreira Leitão, que era cirurgião dentista, daí aprendendo o ofício de “tirar dentes”, recebendo então está Alcunha, que quer dizer apelido, ficando com ele até a idade de 19 anos quando começa a atividade de Mascate.

Em 1767, com 21 anos, trabalhava por conta própria, levando e trazendo mercadorias do Rio de Janeiro até as Vilas de São José e São João del Rei.

Em 1769, com 23 anos, ingressou na Companhia de Cavalaria dos Vice-Reis. Em 1776, com 30 anos, foi promovido à Alferes no recém criado Regimento da Cavalaria Regular.

Em paralelo a atividade militar o Joaquim chegou a ser sócio de uma botica “farmácia de época”, de assistência a pobreza na ponte do Rosário, na antiga Vila Rica, hoje Ouro Preto. Dedicava-se as práticas farmacêuticas e ao exercício da profissão de dentista, dizem que ele produzia dentes, colocava e tirava-os com maestria.

Detinha também, o conhecimento sobre as ervas e plantas medicinais, adquiridos com seu primo, o Frei José Mariano da Conceição Veloso, consagrado botânico de época.

Com seu trabalho na área de mineração, Joaquim tornou-se exímio conhecedor de terrenos e na exploração de seus recursos, inclusive trabalhando para o Governo português, fazendo levantamento do sertão entre as Capitanias de Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Em 1777, morava no Rio de Janeiro em casa alugada a custa da Fazenda Real em missão oficial.

Em 1778/79, ainda continuava no Rio, servindo nas forças de defesa contra ameaças externas. Em sua companhia estavam o Tenente Coronel Francisco de Paula Freire de Andrada e o Capitão Francisco Antônio de Oliveira Lopes. As forças mineiras voltaram do Rio para Minas em 1779.

Em 1780, Tiradentes esteve como Comandante do destacamento local em Sete Lagoas, encarregado da guarda do Registro ali instalado, porta de entrada do Vale Médio do Rio São Francisco.

Em 1781, foi nomeado Comandante do destacamento dos Dragões do Rei na patrulha do Caminho Novo, estrada oficial de época que liga Ouro Preto até o Rio de Janeiro, passando por onde hoje está a cidade de Petrópolis. Com boa atuação, levando a prisão de um famoso grupo de “salteadores”, ladrões de época, liderados pelo malvado bandido conhecido como Montanha.

Em 1784, é convocado para uma missão de relevância, guardar as fronteiras, a leste da Capitania.

Em 14 anos que serviu em penosas e arriscadas missões, não recebeu uma só promoção, apesar de sempre ter-se portado com zelo e dedicação. Tinha confiança dos chefes e dos soldados que lhe davam procuração para receber seus soldos. Em depoimento na prisão em 18 de janeiro de 1790, faz um desabafo de revolta porque vários colegas foram diversas vezes promovidos.

1786 a 1789 > Começa uma série de viagens ao Rio (período conspiratório).

Insatisfeito com a carreira militar, não conseguindo promoções, subir de posto, mesmo sendo merecedor, chegando apenas ao posto de Alferes, patente inicial do oficialato da época, pedindo assim licença da Cavalaria em 1787.

1787 e 1788 > Faz projetos para obras no Rio de Janeiro:

> Abastecimento regular de água para a cidade, pela canalização do Rio Andaraí.

> Construção de moinhos aproveitando a canalização do rio e mais os desníveis dos córregos do Catete, Comprido, Laranjeiras e Maracanã.

> Construção de um cais de porto e armazéns.

> Serviço de barcas de transporte de passageiros Rio – Niterói.

Em nenhum destes projetos ele recebeu autorização da Coroa para executar as obras.

Era solteiro, mas deixou descendência, uma filha de nome Joaquina, de um relacionamento com Antônia Maria do Espírito Santo, devia ter entre 16 e 17 anos, quando ficou grávida. Ele assumiu a paternidade e batizou a filha em 31 de agosto de 1786, na Matriz do Pilar da Vila Rica, hoje Ouro Preto, o padrinho foi Domingos de Abreu Vieira (Inconfidente).

Voltando um pouquinho na história:

Com a posse em 1783, de Luís da Cunha de Menezes, como Governador da Capitania, o clima nas Minas, esquentou, com seus desmandos, sua invasões as casas das pessoas sem prévia autorização, ficou conhecido como o “Fanfarrão Minésio” nas famosas Cartas Chilenas, escritas por Tomás Antônio Gonzaga, Ouvidor na época, era um advogado da Coroa. O sentimento de revolta atingiu o máximo com a declaração da derrama, isto é, seria a cobrança forçada de todos os impostos devidos pela Capitania a Coroa portuguesa, confiscando bens, chegando até a prender a pessoa a ser cobrada, isso já ficou a cargo do novo Governador que destituiu do cargo Luís da Cunha e também do Ouvidor Tomás Antônio Gonzaga, o famoso Visconde de Barbacena, Luís Antônio Furtado de Mendonça, em 1788, afetando especialmente as elites mineiras, na economia, principalmente da mineração, se fazendo necessário para saldar a dívida que a Capitania de Minas devia a Coroa portuguesa, por volta de 768 arrobas de ouro em impostos atrasados. A Derrama seria para o ano de 1789. O Levante da Inconfidência seria também para esta mesma época, mas em 15 de março de 1789, ouve a delação do levante pelos portugueses: Coronel Joaquim Silvério dos Reis, do Tenente-coronel Basílio de Brito Malheiro do Lago e do luso-açoriano Inácio Correa Pamplona em delação premiada, em troca do perdão de suas dívidas com a Coroa, dentre outros pedidos, principalmente do maior e mais famoso delator dos três que foi o Joaquim Silvério dos Reis.
Estando o Alferes no Rio de Janeiro, sendo perseguido por Joaquim Silvério dos Reis a mando do Visconde de Barbacena e do Vice-Rei e seus homens, ele pede ajuda a uma viúva de 57 anos, Inácia Gertrudes de Almeida que devia gratidão ao Alferes por ter curado de uma ferida na perna a sua filha, a mesma não podendo hospedar um homem solteiro em sua casa, onde vivia ele e sua filha, ela pedi ao ourives Domingos Fernandes da Cruz que escondesse o Alferes em sua casa. O Padre Inácio de Lima Nogueira foi quem levou roupas para o Alferes, o mesmo desejando saber “em que termos vão as coisas”, pedi ao Padre Inácio que procure o então “amigo” Joaquim Silvério dos Reis. No dia 09 de maio de 1789, Silvério entrega o Padre Inácio ao Vice-Rei delatando que o mesmo sabia do paradeiro de Tiradentes, do seu esconderijo. O Vice-Rei manda buscar o Padre e depois de um “tranquilo” aperto o Padre revela o local, a casa onde o Tiradentes estava escondido. Foi preso às 22:30, levado para o calabouço da Fortaleza de São José, na ilha das Cobras. Domingo 10 de maio de 1789.

22 de maio de 1789:

1º e 2º Interrogatórios > Tiradentes nega todo o seu envolvimento.

3º Interrogatório > 30 de maio de 1789, foi feita uma acareação entre Tiradentes e Joaquim Silvério dos Reis, ficara então sabendo que o mesmo “amigo” o traíra o tempo todo.

4º Interrogatório > 18 de janeiro de 1790, entrega tudo, assume sua culpa e participação no levante, inocenta os parceiros. Estava há 7 meses incomunicável.

Em 1790, o Conde de Resende é nomeado Vice-Rei do Brasil e com a missão de acabar com a conspiração mineira, dando início a um processo judicial contra os conjurados já presos.

Em 14 de abril de 1791, Tiradentes comparece pela 1ª vez diante de um Juiz, Presidente da Alçada Régia, Desembargador Sebastião Xavier de Vasconcelos Coutinho (participou ativamente desde os depoimentos, julgamento e condenação dos Inconfidentes), para dar seu depoimento entregando a conjuração. Permaneceu preso na Fortaleza de São José até a condenação ao enforcamento.

19 de abril de 1792 > Os Inconfidentes recebem as suas penas: Onze condenados à morte, 05 à degredo perpétuo e várias condenações a morte. Todos perderam os seus bens.

20 de abril de 1792 > A Rainha Dona Maria I, muda a decisão final que comutava a pena de morte em degredo para a África para os condenados menos a do Alferes.

Em 21 de abril de 1792, era sábado:

> 04:00 – Um barbeiro entra na sua cela e faz a sua barba, raspa seu cabelo, é trocada a sua roupa e recebe a Extrema Unção.

> 09:00 – Abrem os portões da cadeia para levar Tiradentes a forca, as pessoas estavam nas ruas para ver o Cortejo, que foi anunciado na cidade pelo menos uns 15 dias antes, para que todos se preparassem para o evento que seguiu pelas ruas: Rua da Cadeia; Rua do Piolho; Barreira de Santo Antônio; Igreja da Lampadosa, Largo da Lampadosa hoje está a Praça Tiradentes. Foram caminhando pelas ruas, sendo Tiradentes puxado pelo pescoço pelo carrasco Capitania, a frente os Frades e Irmãos de todas as Ordens e Irmandades.

> 11:20 – Hora do Enforcamento. A escada para a forca tinha mais de 20 degraus, no Patíbulo. Tiradentes pede a seu carrasco que abreviasse a sua morte e quando seu corpo é lançado ao vazio, o Capitania sobe em seus ombros elevando o peso e assim abreviando a sua morte.

> 14:00 – O corpo é retirado da Forca, colocado em uma carreta de madeira e levado ao quartel do Regimento de Extremoz, no campo de Santana. Seu corpo foi esquartejado, seu tronco enterrado como indigente, os seus quartos foram colocados em bolsas de couro com sal para conservar e levados pela estrada oficial que liga a cidade do Rio de Janeiro até a Ouro Preto, hoje chamado de Caminho Novo da Estrada Real, onde seus quartos foram sendo deixados nas estalagens e locais onde se mais divulgava as ideias separatistas, sua cabeça foi levada até Ouro Preto, deixada em um poste de madeira na principal Praça da cidade, hoje seu nome é Praça Tiradentes, para servir de exemplo, para que todos e todas vissem o que aconteceu com ele e ninguém mais se atrevesse a ir contra as ordens da Coroa portuguesa.

Seus quartos foram deixados:

> Santana de Cebolas – Paraíba do Sul, hoje divisa de MG e RJ. Quarto superior esquerdo. Enterrado no piso da Igreja de Santana.

> Varginha do Lourenço – Local hoje entre Conselheiro Lafaiete e Ouro Branco. Quarto inferior direito. A estalagem pertencia a João da Costa Rodrigues.

> Barbacena – Antiga Borda do Carmo – adro da Igreja Nossa Senhora do Rosário. Quarto superior direito.

> Bananeiras ou Bandeirinhas – próximo a Ouro Preto. Quarto inferior esquerdo.

21de maio de 1792 > Cabeça chega em Vila Rica, hoje Ouro Preto.

Sua casa em Ouro Preto foi destruída, incendiada, jogaram sal no lote para não crescer nada e colocaram um padrão de infâmia para que as próximas gerações sofressem também.

Frase de Tiradentes: “Se todos quisessem, poderíamos fazer no Brasil uma grande nação”. Isto é válido até hoje.

Hoje ele é considerado:

> Patrono Cívico do Brasil.

> Patrono das Polícias Militares e Polícias Civis dos Estados.

Referências:
Wikipédia
Livro particular da Doutora em História da Arte: Maria Lúcia Dornas Martins

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